FILME DESEJO DE MATAR

FILME DESEJO DE MATAR

Filme desejo de matar, no filme um homem gentil tem sua vida transformada quando sua família é abalada por um ato de violência que machuca a todos.

Em busca de justiça, ele se transforma em uma máquina mortífera, para conseguir fazer justiça com as próprias mãos.

O que acontece quando se junta um diretor de terrores sangrentos com um ator de ação com tiros para todos os lados em uma refilmagem de um clássico filme policial dos anos 70?

Se você algum dia fez essa pergunta, a resposta foi lançada nos cinemas na última quinta feira como “Desejo de Matar”, refilmagem do longa de 1974 estrelado por Charles Bronson, que agora recebeu um tom mais moderno, aonde a tecnologia dos celulares e das redes sociais proliferam ainda mais a discussão de se devem ou não se fazer justiça com as próprias mãos enquanto a polícia fica parada demorando para resolver um caso.

Claro que a ideia principal é interessante para ser discutida, o longa vem cheio de ação para todos os lados (demora um pouco para engrenar, mas quando começa é tiro pra todo lado!), e o principal que veio da pegada clássica do diretor, que antes desse longa só havia feito terrores fortíssimos, ou seja, colocou muitas cenas fortes com impacto de primeira, fazendo com que a classificação indicativa fosse lá para o alto (+18 anos) e agradando quem gosta desse estilo sem precisar ficar apenas indicando as situações.

Link do vídeo: FILME DESEJO DE MATAR

Data de lançamento 10 de maio de 2018 (1h 49min)
Direção: Eli Roth
Gênero: Ação
Nacionalidade: EUA

CRÍTICAS E SINOPSE – FILME DESEJO DE MATAR

Mesmo em 1974, o discurso de um filme como Desejo de Matar, então protagonizado por Charles Bronson, soava completamente ultrapassado.

Em plena ebulição contracultural estadunidense, tínhamos um protagonista convertido, a fórceps, de um liberalismo mal desenhado na telona ao ímpeto justiceiro, após uma tragédia familiar.

Sabe o bom e velho “espera acontecer com alguém próximo de você”, sentença retórica de quem geralmente ataca qualquer defensor dos direitos humanos? Pois é, a produção justamente defendia a legitimidade de atos bárbaros, desde que motivados por infortúnios pessoais.

Eli Roth, cuja carreira sinaliza predileção pelo horror, mais precisamente sua veia exploitation, foi incumbido de fazer o remake daquele sucesso do passado.

O protagonista não é mais arquiteto, mas médico. Sai Bronson e entra Bruce Willis, outro brucutu carismático e talentoso. O resultado, porém, não difere essencialmente muito do original, embora lhe seja bem superior cinematograficamente.

O começo do novo Desejo de Matar é marcado pelo desenho de um cotidiano doméstico feliz. O casal Paul (Willis) e Lucy (Elisabeth Shue) se prepara para a mudança da filha única, Jordan (Camila Morrone), que entrará na faculdade.

O realizador soma as circunstâncias que levam pessoas à beira da morte aos cuidados desse “homem de bem” com fragmentos jornalísticos que dão conta de uma criminalidade desenfreada em Chicago a fim de preparar o terreno à brutalidade.

FILME DESEJO DE MATAR

Mãe e filha são aterrorizadas por sujeitos encapuzados, com direito a assédio sexual e toda sorte de demonstrações de violência, que resultam numa delas friamente assassinada e noutra acamada em estado grave.

Todo esse preâmbulo à mudança pela qual o doutor passa é construído habilmente, com Roth utilizando pitadas de horror para agigantar a ameaça que paira sobre todos.

Indignado com a ineficiência da polícia, Paul resolve se informar sobre a compra de armas, chegando à loja e à vendedora absolutamente caricata.

Há uma clara intenção de fazer troça do comércio de armas nos Estados Unidos, com mulheres de generosos decotes desfilando conhecimentos sobre calibres e demais especificidades bélicas.

Todavia, não existe potência suficiente para que a ironia se instaure como elemento deflagrador de uma visão crítica, pois, de fato, ela inexiste.

Aliás, atentando às minúcias da trama, bem como à constituição de seus agentes, percebe-se a recorrência de assaltantes latino-americanos e negros.

É insuficiente a colagem de mais excertos jornalísticos em que pessoas debatem sobre a euforia em torno do assassino denominado “Anjo da Morte”. Isso, porque Roth reafirma estereótipos com expressividade desproporcional a da ínfima e bastante esporádica desaprovação.

Desejo de Matar não fala sobre um processo puro e simples de vingança, já que o protagonista amplia seu leque de atuação, outorgando a si próprio as credenciais para fazer justiça com as próprias mãos. E a linguagem do filme celebra tal intento.

A priori, não há algo de errado com a violência gráfica, com o exploitation ao qual Roth recorre para mostrar cabeças sendo literalmente rachadas, entre outras barbaridades. Todavia, em Desejo de Matar, o expediente, de certa forma justifica, por desviar a atenção da plateia, o comportamento absolutamente reprovável do protagonista, que recorre, inclusive, a práticas de tortura travestidas de instrumentos judiciais.

Há momentos de riso involuntário, como o bandido que morre após a casualidade envolvendo uma bola de boliche, cena aparentemente extraída dos desenhos animados de tão rocambolesca.

Até mesmo esse tipo de encenação poderia servir ao sarcasmo, mas não é o que acontece, exatamente em virtude da inabilidade do cineasta para fugir aos instrumentos mais epidérmicos à sua disposição.

Paul é desenhado como um herói, alguém que faz o necessário para proteger a família, reforçando a ideologia belicista comumente associada ao norte-americano conservador.

Roth valida o regozijo por mortes cada vez mais sanguinárias, sem apresentar traços diretos de repulsa e/ou escárnio.