Filme O Ódio que Você Semeia
Filme O Ódio que Você Semeia, Starr Carter (Amandla Stenberg) é uma adolescente negra de dezesseis anos que presencia o assassinato de Khalil, seu melhor amigo, por um policial branco.
Ela é forçada a testemunhar no tribunal por ser a única pessoa presente na cena do crime. Mesmo sofrendo uma série de chantagens, ela está disposta a dizer a verdade pela honra de seu amigo, custe o que custar.
Link do vídeo: O Ódio que Você Semeia
Data de lançamento: 6 de dezembro de 2018 (2h 12min)
Criador(es): George Tillman Jr.
Elenco: Amandla Stenberg, Regina Hall, Russell Hornsby mais
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA
Sinopse e Criticas – Filme o ódio que você semeia
O discurso de O Ódio Que Você Semeia é duro e frontal. Embora o longa-metragem dirigido por George Tillman Jr. flerte com facilitadores, vide a violência espaçada contra os dois melhores amigos de Estrella (Amandla Stenberg), é um retrato poderoso da discriminação racial, lacerante já na cena inicial.
Marevick (Russell Hornsby), ex-condenado que vela pela segurança da família, ensina aos filhos pequenos os protocolos de comportamento durante abordagens policiais.
Portanto, desde os passos iniciais, a narrativa intenta deflagrar a brutalidade de uma conjuntura ampla e repleta de vãos, partindo do racismo velado, que não se assume enquanto preconceito.
A cisão forçada da protagonista, que precisa ser diligente na escola particular distante das ruas agitadas do bairro onde mora, é outro indício de um subproduto perverso de séculos de opressão.
O voice-over dá conta de explicitar essa autopreservação que consiste, primeiro, em evitar gírias características, palavras que na boca dos brancos soam descoladas, bem como atitudes tidas como hostis.
O filme analisa a sucessão desse apagamento, inclusive cultural, ao qual cidadãos negros são submetidos cotidianamente.
Privada de expressões próprias de sua identidade, Estrella observa a apropriação da musicalidade negra por colegas alienados, sendo aceita no meio deles enquanto não representa ameaça ao status quo que recorre repetidas vezes à palavra “igualdade” para perpetrar o seu absoluto oposto.
O Ódio Que Você Semeia prepara devidamente o terreno à ocorrência nefasta, infelizmente similar a outras tantas, não apenas nos Estados Unidos, mas especialmente simbólica num país com amplo histórico de belicosidade policial contra populações periféricas.
A partir do assassinato estúpido de Khalil (Algee Smith), o enredo focaliza a mudança de paradigmas da menina que namora um adolescente branco, se disfarça ao longo da jornada escolar, porém é muito influenciada pela figura paterna que lhe encoraja sucessivamente.
A tragédia consiste num homem da lei (branco) matando um jovem afroamericano por “confundir” sua escova de cabelo com uma arma de fogo.
O Ódio Que Você Semeia é construído habilmente sobre essa transformação na consciência de Estrella, que gradativamente passa a entender a importância de orgulhar-se de sua negritude, de lutar para expressa-la se preciso for.
A criminalidade se faz presente na figura de King (Anthony Mackie), chefe da bandidagem local, sujeito cuja letalidade é reconhecidamente a fonte do poder de controlar as ruas.
Contudo, a George Tillman Jr. interessa observar de perto o desabrochar da protagonista, sua ciência crescente dos riscos como algo familiar a alguém que deseja colocar determinadas coisas perniciosas de cabeça para baixo.
O pai é tido como um leão, força da natureza disposta a defender os filhos, nem que seja devolvendo ao agressor a sua energia destrutiva. Já a mãe, Lisa (Regina Hall), é levemente inclinada a camuflar-se para passar despercebida e, por isso, evitar problemas.
O cabelo alisado e as súplicas à mudança do bairro são sintomas claros. Mas, isso não a torna alheia, apenas acentua a crueldade também percebida no diálogo com o tio policial vivido por Common.
É realmente desafiador conter as lágrimas em certos momentos de O Ódio Que Você Semeia, especialmente naqueles em que a constatação dos abismos se torna perfurante, por conta da engenhosidade na costura dos fortes blocos.
Isso é fruto da habilidade de George Tillman Jr. para entremear os dilemas pessoais e as demandas sociais intrínsecas ao decurso da trama.
Amandla Stenberg sobressai no elenco robusto, que conta, ainda, com o trabalho emocionante e consistente de Russell Hornsby.
A atriz consegue dar substância ao percurso empreendido por Estrella, personagem que vai do conforto a um estado de indignação irreversível.
Encarando com brios diversos temas espinhosos, apostando na ouriversaria forjada na soma da simplicidade formal com a potência incisiva da dramaturgia, o filme é um projétil de verdades apresentadas sem firulas, com ações e reações diretas, fugindo ao maniqueísmo para, exatamente, fazer jus à gravidade das questões postas.