Filme O Doutrinador
Assista ao filme O Doutrinador, um vigilante mascarado surge para atacar a impunidade que permite que políticos e donos de empreiteiras enriqueçam às custas da miséria e do trabalho da população brasileira.
A história do homem por trás do disfarce de “Doutrinador” envolve uma jornada pessoal de vingança na qual um agente traumatizado decide fazer justiça com as próprias mãos.
Link do vídeo: Filme O Doutrinador
Data de lançamento 1 de novembro de 2018
Direção: Gustavo Bonafé
Elenco: Kiko Pissolato, Samuel de Assis, Tainá Medina mais
Gêneros: Crime, Suspense
Nacionalidade: Brasil
SINOPSE E CRÍTICA
Uma realidade consumada em Hollywood, o cinema baseado em personagens das histórias em quadrinhos ainda engatinha ao redor do mundo.
Se na França Asterix & Obelix fazem sucesso (já foram quatro longas em live action até hoje), essa é a exceção que confirma a regra. E no Brasil não é diferente.
Podemos lembrar que algumas tentativas tímidas, como Ed Mort (1997) – baseado nas tiras de Luis Fernando Verissimo – ou O Menino Maluquinho (1995) – a criação de Ziraldo chegou a ganhar uma continuação em 1998 – mas não a ponto de gerar uma febre a respeito.
Isso, é claro, até 2018. Neste ano já tivemos Motorrad (2017), inspirado nos personagens de Danilo Beyruth, e Tungstênio (2018), adaptação da graphic novel de Marcello Quintanilha.
Nada, no entanto, que se compare, seja em expectativa ou em tamanho de produção, com O Doutrinador, de Gustavo Bonafé.
Afinal, este é o primeiro a ter como protagonista um herói – ou melhor, um anti-herói – em uma trama policial de aventura, bem ao estilo dos grandes fenômenos da Marvel ou DC Comics. Se o público irá responder à altura, esse é o mistério.
No entanto, os realizadores fizeram sua parte com bastante desenvoltura, atentos à tudo que a cartilha do gênero manda, e o resultado não fica nada a dever aos seus irmãos estrangeiros.
E por que anti-herói, afinal? Pelo simples fato de que Miguel (Kiko Pissolato), quando em ação por baixo do manto d’O Doutrinador, não é um exemplo a ser seguido – ainda que seus atos tenham como ponto de partida uma visão um tanto torta de justiça.
Policial de uma força especial dedicada às grandes investigações, ele estava na equipe que há pouco prendeu o governador Sandro Correa (Eduardo Moscovis), acusado de corrupção e desvio de verbas.
O político, no entanto, é raposa velha, e não só consegue se livrar da prisão, como também lança sua candidatura à presidência do país.
É tudo parte, como ficamos sabendo, de um jogo político muito mais sujo e intrincado do que qualquer suspeita poderia apontar.
No entanto, após sua filha ainda criança ser morta vítima de uma bala perdida por falta de atendimento num hospital público, Miguel acaba transtornado pela dor.
A válvula de escape vem na forma de uma jaqueta de couro e uma máscara de gás. Surge o Doutrinador, e o que ele quer é vingança, sem chance para explicações ou misericórdia.
Correa é apenas o primeiro da sua lista – o sangue explode na tela, e a sequência de invasão ao palácio do governo estadual é realmente tensa e bem editada, mostrando que ninguém aqui está para brincadeira, independente do lado da tela em que se encontre.
Os realizadores sabem que num longa como esse, o enredo precisa ser funcional – não há reviravoltas inesperadas, o entendimento é rápido e as reações imediatas – e o visual precisa compensar qualquer carência dramática, seja pelo aspecto dos personagens, os cenários escolhidos ou os efeitos das ações.
Estamos na cidade fictícia de Santa Cruz, e os políticos envolvidos – alvos de cada ataque do Doutrinador – receberam nomes inventados.
Essa, aliás, foi uma das principais mudanças em relação às histórias em quadrinhos criadas por Luciano Cunha, que originalmente não disfarçava ter se inspirado em eventos e figuras reais.
Talvez por isso, tenha demorado tanto para encontrar uma editora disposta a bancar suas publicações.
O sucesso não veio da noite para o dia, mas assim que chegou, motivado pelos protestos que tomaram o Brasil a partir de 2013, se fez presente com força total.
Tanto que O Doutrinador não só chega agora às telas como filme, mas ao mesmo tempo ganhou um corte maior, com novas tramas, personagens e desfechos, transformado em série que irá ao ar na televisão em 2019.