FILME MINHA MÃE É UMA PEÇA 3
Filme Minha Mãe é uma Peça 3, no filme Dona Hermínia (Paulo Gustavo) vai ter que se redescobrir e se reinventar porque seus filhos estão formando novas famílias.
Essa supermãe vai ter que segurar a emoção para lidar com um novo cenário de vida: Marcelina (Mariana Xavier) está grávida e Juliano (Rodrigo Pandolfo) vai casar. Dona Hermínia está mais ansiosa do que nunca!
Para completar as confusões, Carlos Alberto (Herson Capri), seu ex-marido, que esteve sempre por perto, agora resolve se mudar para o apartamento ao lado.
Data de lançamento: 26 de dezembro de 2019
Direção: Susana Garcia
Elenco: Paulo Gustavo, Rodrigo Pandolfo, Mariana Xavier mais
Gênero: Comédia
Nacionalidade: Brasil
Link do vídeo: Minha Mãe é Uma Peça 3
Sinopse e Crítica – Minha Mãe é uma Peça 3
Depois do sucesso como apresentadora de TV, Dona Hermínia está de volta, agora com o título de vovó, graças à gravidez de Marcelina. Os problemas e reclamações, marca registrada da matriarca, continuam nesta nova fase de sua vida.
Além de estabelecer uma continuação direta com os filmes da franquia Minha Mãe É uma Peça, esta comédia segue igualmente o padrão esperado das continuações de comédias brasileiras.
É sempre importante incluir alguma viagem internacional para os personagens mostrarem como não se adequam ao mundo lá fora, é indispensável incluir um casamento no final, é necessário que o número de personagens aumente, apenas para dar à protagonista novas oportunidades de interação.
Aqui, como em toda a saga, o universo gira em torno de Dona Hermínia (Paulo Gustavo), a mãe desbocada e coruja. Quando ela passeia na feira, os vendedores falam apenas com ela, mas não com outros fregueses.
O lugar é surpreendentemente silencioso, para ouvirmos escutarmos o que ela fala. Quando vai a uma festa para as crianças, é ela quem canta e rouba a cena.
Hermínia se torna protagonista de todos os momentos deste filme, mesmo aqueles supostamente dedicados a outros personagens. O mundo existe em função dela.
Deste modo os coadjuvantes, por mais que bem-intencionados, servem para lhe dar a réplica. Os namoros instantâneos do filho e da filha, levando a um casamento e uma gravidez, passam como detalhes: o foco se encontra na resposta que a mãe fornecerá a cada situação.
A comédia se move essencialmente pelos diálogos velozes e atropelados da protagonista, em sintoma da nossa percepção caricatural do humor e do drama: interpreta-se o silêncio enquanto exclusividade do drama, enquanto o barulho se torna sinônimo de comicidade.
Alguém precisaria resgatar Jacques Tati e Buster Keaton, mas enquanto isso, Hermínia fala sem parar. Felizmente, o que melhor funciona neste terceiro filme são os diálogos – ou talvez seja melhor dizer, monólogos – da heroína.
Paulo Gustavo e os demais roteiristas possuem bom senso de cronistas, conseguindo parodiar comportamentos típicos da classe média. Para cada piada forçada, existe alguma boa sacada do texto.
Minha Mãe é uma Peça 3
O ator, sempre muito confortável no papel principal, dispara suas falas com o traquejo típico do improviso.
O potencial do texto é prejudicado por uma linguagem cinematográfica limitada. Ainda que seja mais bem dirigido que o segundo filme da saga, Minha Mãe É uma Peça 3 sofre dos cacoetes típicos de uma forma de cinema-cenário obcecado pelos cartões postais do Rio de Janeiro (e de Niterói), pelos planos aéreos na transição entre cenas, pela trilha sonora inofensiva dizendo ao espectador quando rir e quando chorar.
A atuação e o texto são muito evidentes em sua comicidade ou tristeza, no entanto, num momento de tristeza de Hermínia, a trilha imediatamente indica que este é um instante sombrio, enquanto a câmera acha por bem dar um zoom no rosto lacrimejante da personagem.
O resultado não é apenas óbvio, ele também incomoda por considerar o seu espectador pouco inteligente, e incapaz de deduzir sentimentos muito claros como o pesar e o rancor.
Em diversas comédias populares nacionais, a música funciona como a tradicional risadinha em pós-produção das sitcoms norte-americanas, do tipo que estimar ser necessário oferecer um manual de instruções ao público.
Questões cinematográficas à parte, o projeto se sai bem ao retratar em chave paródica alguns conflitos complexos como a síndrome do ninho vazio e o medo da morte.
Não existe grande sutileza nesses retratos – é difícil acreditar que Hermínia esteja tão velha quanto insiste ser a cada diálogo -, no entanto, eles servem a desmistificar um tabu com leveza, confrontando a mãe à sensação de impotência na vida dos filhos quando estes encontraram outros sujeitos de afeto.
Obviamente, o roteiro trata de atar (ou reatar) a protagonista com algum homem, porque ainda não consegue conceber a felicidade de uma mulher solteira de meia-idade sem um possível romance no horizonte.
FILME MINHA MÃE É UMA PEÇA 3
Ainda estamos distantes de uma representação leve e sem julgamentos morais da independência feminina. Entretanto, dentro do cenário conservador da comédia nacional de estúdios – vide a necessidade de reposicionar a mulher no lar em De Pernas pro Ar ou o reforço do ideal de homem provedor em Até que a Sorte nos Separe -, esta franquia ainda representa uma abertura social mais interessante do que a média.
O aspecto mais contestável nesta comédia continua sendo seu discurso enquanto produto queer. O travestimento de Hermínia jamais funciona como representação da transexualidade, afinal, ela interpreta uma mulher cisgênero e heterossexual.
No entanto, o filme comandado pelo humorista abertamente gay mais popular do Brasil ainda teima em abraçar as figuras LGBTQI+. O roteiro descobriu a importância de incluir falas progressistas, mas não a sua prática.
De nada adianta colocar um personagem gay prestes a se casar se, nas diversas cenas com o namorado/noivo, os dois sequer se abraçam, sem encostam, ou demonstram o mínimo carinho.
De nada adianta citar que duas mulheres já beijaram outras mulheres se isso não é visto, e ainda vem acompanhado da explicação de que saem com homens hoje, então não tem problema.
Não adianta trazer um discurso belo sobre a aceitação dos nossos filhos gays se o casamento não tem a coragem de mostrar o óbvio, que seria o beijo entre dois homens.