FILME COMO EU ERA ANTES DE VOCÊ

Filme Como eu era antes de você, o rico e bem sucedido Will (Sam Claflin) leva uma vida repleta de conquistas, viagens e esportes radicais até ser atingido por uma moto.

O acidente o torna tetraplégico, obrigando-o a permanecer em uma cadeira de rodas. A situação o torna depressivo e extremamente cínico, para a preocupação de seus pais (Janet McTeer e Charles Dance).

É neste contexto que Louisa Clark (Emilia Clarke) é contratada para cuidar de Will. De origem modesta, com dificuldades financeiras e sem grandes aspirações na vida, ela faz o possível para melhorar o estado de espírito de Will e, aos poucos, acaba se envolvendo com ele.

• Lançamento: 16 de junho de 2016 No cinema / 1h 50min / Drama, Romance
• Direção: Thea Sharrock
• Roteiro: Jojo Moyes, Jojo Moyes
• Elenco: Emilia Clarke, Sam Claflin, Janet McTeer
• Título original: Me Before You

 

CRÍTICA E SINOPES – COMO EU ERA ANTES DE VOCÊ

Embora carismático (em parte devido ao seu elenco, e por outra porque lida com personagens em situação de fragilidade, algo que sempre desperta a simpatia do espectador), é inegável que Como Eu Era Antes de Você é uma obra problemática, já que o filme se mostra no mínimo desinformado, para não dizer corrompido, em relação às delicadas questões que levanta – ou melhor, que suscita, uma vez que o projeto não parece interessado nelas.

Pintado como um drama romântico novelesco (na maior parte do tempo, porque de resto é difícil saber o que estavam tentando fazer), o longa-metragem parece não querer admitir o próprio conteúdo, e usa descaradamente um cenário de fácil comoção (garota otimista que se apaixona por um garoto doente) sem lidar com as consequências desse – e retratando-as de uma maneira terrivelmente deturpada quando finalmente se vê sem saída.

Tudo começa quando somos introduzidos a Will Traynor (Sam Claflin), um jovem empresário que certa manhã, apressado para o trabalho, sofre um acidente.

Dois anos depois, Louisa Clark (Emilia Clarke), desesperada atrás de um emprego para ajudar na renda de casa, aceita trabalhar cuidando de Will, que agora é tetraplégico e necessita ser auxiliado o tempo inteiro.

Na mansão dos Traynor ela tenta se aproximar da figura sarcástica e virulenta que é o seu paciente, passando, aos poucos, a conquistar sua simpatia.

Porém, quando os dois formam uma sólida amizade (e dão sinais de algo mais), ela descobre que ele tem planos de cometer uma espécie de eutanásia – um suicídio assistido.

Os aposentos de Will realmente refletem o estado de espírito de alguém prestes a se entregar a tal destino. Trata-se de um lugar tomado por tons neutros e sem vida, que se replicam no figurino do rapaz, ajudando Claflin em sua performance repleta de indiferença.

O que, ao menos, tem alguma lógica visual quando comparado com o apartamento em que ele morava, visto na cena inicial, tomado por um branco asséptico só interrompido por ocasionais objetos amarelos, indicando sua natureza profissional e moderna, mas também feliz.

Uma cor que desapareceu por completo quando o reencontramos na cadeira de rodas, estando presente apenas nas vestimentas de Louisa. Tanto que a vemos primeiro através de suas meias, que são de um amarelo vivo.

A garota logo se revela uma pessoa extrovertida, cuja felicidade quase infantil é traduzida em roupas de cores básicas e espalhafatosas – e é uma pena que Emilia Clarke, embora se distancie da performance por ela oferecida na série Game of Thrones (2011-), pareça entender que uma pessoa gentil é aquela que não para de sorrir nunca, se entregando recorrentemente à caretas bobas que apenas reforçam a artificialidade de sua composição.

Antes lembrasse mais Daenerys e sua força como personagem, já que é muito provável que a Mãe dos Dragões ficasse decepcionada se cruzasse com uma figura tão nula quando Louisa, cujo único assunto na vida parece ser Will.

Roteirizado por Jojo Moyes a partir do livro homônimo também de sua autoria, Como Eu Era Antes de Você seria reprovado com desonras no Teste de Bechdel, já que as mulheres presentes na obra parecem não falarem de algo que não sejam os homens que as cercam.

A mãe de Louisa reclama do desemprego do marido, fica feliz em tagarelar sobre Will (durante o aniversário de sua filha!) e, mesmo entregando um presente, se vê obrigada a ressaltar: “foi ideia do vovô!”.

Camilla Traynor (Janet McTeer) é outra que surge em tela apenas para servir de trampolim para que Louisa fale mais sobre Will ou para que ele fale mais sobre si mesmo: “eu sei me virar dormindo fora, mãe”, “não precisa falar por mim, mãe”.

Sobrando nada melhor do que isso para a protagonista, cuja única cena em que fala um pouco mais sobre si mesma é para que Will a conheça melhor.

Salva-se aí Katrina Clark (Jenna Coleman), que divide com a irmã um pequeno diálogo sobre seus planos para o futuro – que ainda assim, está à frente de um momento que não acrescenta nada ao enredo.

É complicado falar como isso funciona no livro, e tampouco interessa, pois filme é filme e livro é livro: ambos têm de funcionar independentemente.

Se nas páginas o tom é outro e acaba alcançando o efeito desejado, ótimo. O certo, no entanto, é que no filme escrito por Moyes segue-se à risca a escola Stephanie Meyer de concepção de casais: a garota desastrada que desperta o interesse de um cara bonito e rico, mas com algum defeito irreparável – vampiro, psicopata sexual, tetraplégico… escolha à vontade.

Nesses universos de homens idealizados para serem imperfeitos na medida certa, mulheres que são esperadas com a porta do carro aberta existem para servir às histórias deles, anulando-se no processo.

Assim como Bella se submetia a Edward e Anastasia a Christian Grey, Louisa admite que cuidar de Will é a maior ambição que já teve. E quem não teria, não é mesmo?

Quando Sam Claflin diz para uma Emilia Clarke sentada no seu colo coisas como: “não poderia ver você nua e não poder… se você soubesse o que eu gostaria de fazer com você agora”, quem não se derreteria?

Entretanto, o machismo romantizado da autora acaba se revelando até mesmo um problema menor quando o filme se volta para questões como a depressão e o suicídio.

Temas tão delicados como esses possuem suas próprias literaturas, com volumes quase sempre focados em dissuadir o leitor de estereótipos e preconceitos sobre tais comportamentos.

Nenhum dos quais deve ter chamado a atenção de Moyes, que se revela desonesta ao descrever de maneira rasa e romantizada (!?) uma situação triste e complexa.

Em tempos em que se luta tanto por representatividade, deficiente físicos de qualquer tipo que tentarem encontrar um pouco de si mesmos em uma sessão de Como Eu Era Antes de Você deverão sair com uma mensagem simples: se mate, não há pelo quê continuar vivendo.

Pois mesmo sendo rico e, portanto, tendo fácil acesso a aparelhos e equipamentos que lhe permitam viajar pelo mundo, praticar esportes e mesmo continuar sua carreira, Will Traynor prefere o suicídio.

Em uma realidade em que a maioria esmagadora de deficientes pelo mundo mal conseguem os recursos básicos para permanecerem vivos, e mesmo quando aparelhados vislumbram passar o resto de suas vidas entrando e saindo de filas de hospitais enquanto lutam dia após dia para pagarem as contas geradas por isso, o nosso herói aqui está abalado demais por não poder ir para Paris sem se preocupar se a tomada da bateria de sua cadeira encaixa nas entradas francesas.

Mas ok, tratar de personagens antipáticos não é crime algum. Diversos filmes amados pela história do cinema têm como protagonistas assassinos cruéis ou pessoas egoístas e egocêntricas.

O problema está em romantizar essas figuras e tentar vendê-las como mocinhos bonitos por quem vale à pena se jogar de um penhasco (como fez Bella), se submeter a abusos sexuais (como fez Anastasia) ou anular seus próprios princípios (algo tão ruim quanto, que é o que faz Louisa).

Provando ainda ter uma visão tola sobre sua figura central, Moyes faz com que Clark, depois de ser preterida por Will ao suicídio (!), tome uma decisão que parece implorar por condescendência.

O que é exatamente o que ela acaba conseguindo de seu “amado” – o uso de aspas se faz necessário pela dificuldade em imaginar o quão amado possa ser alguém que lhe diz algo como: “você é uma das melhores coisas que já me aconteceram, mas não a melhor, por isso ainda vou me matar, ok?” (embora seja perceptível que a roteirista tenha escrito falas que imaginava serem sexys e irresistíveis).

Fazer desse tenebroso diálogo o ápice dramático da produção, e que se dê ainda em uma cena que esteticamente poderia ter saído do horário nobre da TV aberta, só torna tudo ainda mais estapafúrdio.

Pois não basta ser machista, desonesto e nocivo (e nem vamos falar da maneira pueril como se retrata a depressão, uma condição médica muito séria), tem que ser narrativamente tolo também.

Como Louisa era antes de Will? Não sei, ela não conta, está ocupada demais sendo alegremente diminuída e tratada com arrogância por ele. Sei, apenas, que antes desse filme eu era um crítico menos preocupado.

 

13 coisas que você provavelmente não sabe sobre Como Eu Era Antes de Você

Os livros Como Eu Era Antes de Você (Me Before You) e Depois de Você (After You) e Ainda Eu (Still Me), da escritora britânica Jojo Moyes, são um sucesso de vendas no Brasil.

O primeiro livro que conta a saga de Lou já ganhou uma versão para os cinemas e os fãs estão ansiosos pelas continuações. Enquanto esperamos, confira algumas curiosidades sobre os livros e a produção do filme:

1. Baseado em fatos reais

A história sobre Will e Louisa é uma ficção, mas Jojo Moyes afirma que a inspiração para criar o livro surgiu a partir de um acontecimento real.

A autora já era familiarizada com os cuidados de duas pessoas da família com necessidades especiais. Porém, ela se baseou no caso de um jovem jogador de rugby que ficou tetraplégico após um grave acidente e que escolheu morrer com o auxílio da organização Dignitas – uma sociedade sem fins-lucrativos que oferece ajuda aos indivíduos que sofrem com doenças terminais e que desejam cometer suicídio – do que passar o resto da vida preso a uma cadeira de rodas.

2. 300 atrizes fizeram o teste para Louisa

Desde o início, a equipe do filme percebeu que o papel mais difícil de escalar seria o da protagonista Louisa, pois ela é a que passa mais emoção para o espectador. Foram realizados 300 testes com atrizes britânicas antes que Emilia Clarke fosse escolhida para interpretar a protagonista.

3. Emilia Clarke amou interpretar Louisa

Emilia já contou em entrevistas que foi muito natural ser Louisa, pois ela também tem uma personalidade divertida fora das telas. Segundo a atriz, a primeira vez que pode mostrar seu jeito engraçado foi em Como Eu Era Antes de Você.

4. O guarda-roupa da protagonista foi feito a partir de brechós londrinos

Uma das características mais fortes de Louisa é o seu excêntrico senso de moda, o que é logo a primeira coisa que chama a atenção de Will para a jovem. Para compor os figurinos alegres e cheios de personalidade da moça, a equipe de figurinistas do filme percorreu diversos brechós londrinos. O que se provou uma ótima escolha, pois deixou a personagem bastante autêntica.

A única peça de grife foi o vestido vermelho. Ele tinha de ser deslumbrante e foram vários testes antes de escolherem o usado no filme.

5. A autora não escolheu Thea Sharrock como diretora do filme

Apesar de estar totalmente envolvida com a adaptação do seu livro para o cinema, a autora Jojo Moyes não foi responsável pela escolha da diretora Thea Sharrock para comandar o filme. Mesmo assim, as duas se deram muito bem e a diretora respeitou bastante a visão de Jojo para levar a história para as telas.

De fato, toda a equipe da produção gostou do trabalho da diretora, tornando o ambiente dos sets bastante amigáveis.

6. Sam Claflin não foi a primeira escolha para Will

Agora fica até difícil de imaginar outro ator para viver o destemido e amargurado Will Traynor, mas quase que o papel foi vivido por Tom Hiddleston.

O famoso intérprete de Loki já havia trabalhado com a diretora Thea Sharrock antes, na minissérie The Hollow Crown e era a primeira escolha para o personagem.

Mas, depois, Sam Claflin entrou para o elenco e surpreendeu bastante a diretora por sua entrega e dedicação ao personagem.

7. Foi um desafio para Sam Claflin interpretar Will

Para Sam, o temperamento de Will era muito difícil, por ele ser um personagem sério e duro nas palavras. Assim, Sam teve que se acostumar com o jeito difícil de Will! Outro desafio foi a mobilidade, pois foi a primeira vez que Sam interpretou alguém numa cadeira de rodas. Antes disso, tinha participado de Jogos Vorazes, que tem um estilo totalmente diferente.

8. Cenas cortadas do filme

Por mais fiel que um filme possa ser de um livro, há sempre partes da história que precisam ficar de fora para que a adaptação não fique exagerada. Muito desse conteúdo é cortado antes mesmo das gravações começarem, mas algumas coisas ainda chegam a ser rodadas e só saem na versão final.

No livro Como Eu Era Antes de Você (spoiler a seguir), o pai de Will tem um caso com outra mulher e chega a pedir o divórcio no decorrer da história. Para a adaptação cinematográfica foram gravadas cenas que mostravam estes acontecimentos, porém chegou-se à conclusão de que não ficaram boas o suficiente para entrar na versão final do filme. Portanto, nada de casos extra-conjugais no cinema!

9. Tatuagem de Emilia Clarke é de abelha como a da Lou

Após a produção do filme, Emilia Clarke se sentiu tão tocada pela história que fez uma tatuagem de abelha no dedo mindinho. Uma forte homenagem à personagem Louisa Clark, interpretada por ela.

10. Filme é bastante fiel ao livro

A adaptação cinematográfica de Como Eu Era Antes de Você chegou aos cinemas brasileiros em junho de 2016, com direção de Thea Sharrock e roteiro da própria autora do livro, Jojo Moyes!

Moyes afirmou que uma das suas metas como roteirista da versão para o cinema era fazer com que a história fosse totalmente fiel ao livro. Mesmo com algumas adaptações, Jojo se orgulha de ter conseguido transmitir com sucesso a história que conquistou milhares de pessoas ao redor do mundo para as telonas.

Aliás, Jojo planeja que a sequência de Como Eu Era Antes de Você – Depois de Você (After You, no título original), lançado mundialmente em 2015 – também vire um filme! Agora é torcer para que a continuação faça tanto sucesso quanto o primeiro, para que Ainda eu (Still me) também chegue às telas.

11. Mulheres no comando

Além de Jojo Moyes como roteirista e Thea Sharrock como diretora, o longa também contou com outras mulheres nas principais funções da produção. Na verdade, em números gerais, o filme contou com mais mulheres do que homens na equipe. O que não foi propositado, mas chamou bastante atenção na indústria.

12. A autora recebeu muitas críticas negativas sobre a história

Aliás, esta “escolha” apresentada na história de Moyes foi motivo de muita discussão entre diversos grupos de suporte às pessoas com deficiência física.

(ATENÇÃO: SPOILER!)

No livro, Will opta por não continuar a viver como tetraplégico e comete suicídio, com o suporte de seus familiares e médicos.

Muitas pessoas criticaram a mensagem que a autora do livro transmitiu, como se fosse preferível morrer do que ajudar as pessoas com deficiência física a readaptarem as suas vida e serem felizes.

Com acordos e desacordos, uma coisa é certa: a trama de Como Eu Era Antes de Você continuará a dar muito pano para manga…

13. A mensagem principal da história

Enquanto os críticos alegam que Como Eu Era Antes de Você é uma tentativa de “romantizar a covardia do suicídio”, Jojo Moyes afirma que a principal mensagem de seu trabalho é simples e clara: não julgue o próximo!

Para Moyes, ninguém tem o direito de julgar a vida do outro, pois cada indivíduo tem uma experiência de vida única e as pessoas não devem julgar as decisões do próximo sem antes conhecer a sua história. Devemos ser mais empáticos e gentis uns com os outros, de acordo com a mensagem de Jojo.