O PREÇO DA VERDADE – DARK WATERS
Filme O Preço Da Verdade, Robert Bilott (Mark Ruffalo) é um advogado de defesa corporativo que ganhou prestígio trabalhando em casos de grandes empresas de químicos.
Quando um fazendeiro chama sua atenção para mortes de gado que podem estar ligadas ao lixo tóxico de uma grande corporação, ele embarca em uma luta pela verdade, em um processo judicial que dura anos e põe em risco sua carreira, sua família e seu futuro.
13 de fevereiro de 2020 / 2h 07min / Biografia, Drama
Direção: Todd Haynes
Elenco: Mark Ruffalo, Anne Hathaway, Tim Robbins
Nacionalidade Americana
SINOPSE E CRÍTICA
Ao longo da carreira, Todd Haynes se notabilizou por um rigoroso senso estético associado a uma busca constante pela autoralidade, o que fez com que enveredasse por filmes tão ousados quanto Não Estou Lá (2007), Velvet Goldmine (1998) ou Sem Fôlego (2017).
Diante de tal histórico, é até mesmo estranho vê-lo comandando um filme tão genérico quanto O Preço da Verdade, parecido com um punhado de outros longas envolvendo advogados que encampam causas supostamente perdidas. Mais que um desperdício, o resultado é também entediante.
Há no filme um punhado de equívocos estruturais de narrativa, ora abusando de gatilhos que provocam elipses em pontos importantes da história, ora optando por priorizar momentos estridentes de forma a gerar alguma tensão artificial, ora simplesmente inserindo cenas de um didatismo gratuito e exagerado.
Uma delas abre o longa-metragem, retornando até 1975 para mostrar alguns garotos mergulhando em um rio, no qual é borrifado algum produto químico que, é claro, não faz bem à saúde.
Além de ser de uma obviedade incômoda, tal cena sequer combina com o tom demonstrado no desenrolar da história, especialmente em relação à grandiosidade do caso em questão.
Trata-se de um mero facilitador visual que, também, subestima a inteligência do espectador.
Orquestrado como um filme denúncia sobre o poder das corporações perante o Estado americano, em especial o Judiciário e, indiretamente, o Executivo, O Preço da Verdade resume as mais de duas décadas de batalha do advogado Rob Bilott (Mark Ruffalo, com uma postura corporal que não condiz com o personagem) contra a poderosa DuPont, gigante da indústria química que basicamente sustenta os empregos da pequena cidade de Parkersburg, local da tal cena de abertura.
Encantado com seu homenageado, que até faz uma ponta no filme, Haynes constrói a narrativa de forma que Bilott seja uma espécie de cavaleiro solitário pela justiça, disposto a abrir mão de carreira, vida em família e até mesmo a sanidade em nome de provar o envenenamento intencional da população norte-americana, por décadas.
De certa forma, a história deste O Preço da Verdade lembra bastante a exibida em Erin Brockovich (2000), com a diferença de que, aqui, busca-se um protagonista com um quê de mártir.
Por mais que esta seja uma história verídica, o que traz um peso incontestável aos fatos retratados, é difícil se interessar por um personagem tão opaco cuja construção se vale mais pela determinação do que propriamente pelos valores.
Em parte por culpa do próprio roteiro, que prioriza datas e movimentos jurídicos em detrimento do necessário fator humano, tão rico no longa que rendeu o Oscar a Julia Roberts.
Com isso, nenhum coadjuvante consegue ir além do arquétipo básico a ele imposto, como se estivesse impossibilitado de mostrar algo além do óbvio.
Que o digam Anne Hathaway, absolutamente desperdiçada, ou mesmo a súbita aparição e posterior sumiço de Bill Pullman.